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EDIÇÃO 512, DE 1 A 30 DE NOVEMBRO DE 2023

SETOR METROFERROVIÁRIO

Mesa de honra do seminário, tendo ao centro o presidente do SIMEFRE, José Antônio Fernandes Martins

Sinais positivos para a indústria ferroviária

Em 4 de dezembro, no 15º andar do edifício-sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), na Avenida Paulista, em São Paulo, aconteceu o Seminário Anual de 2023 do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE).

O presidente da AEAMESP, engenheiro Luís Guilherme Kolle, acompanhou o evento, ao lado dos ex-presidentes e hoje membros do Conselho Consultivo da Associação, engenheiros Pedro Machado e Silvia Cristina Silva.

Os trabalhos foram abertos com um pronunciamento de José Antônio Fernandes Martins, que, aos 90 anos, foi reeleito e empossado presidente da entidade.

Uma parte relevante do encontro consistiu em relatos a respeito dos resultados e das perspectivas dos diferentes setores que compõem a entidade – fabricantes de ônibus, as indústrias de implementos rodoviários, motocicletas, bicicletas, partes e peças de veículos de duas rodas, e a indústria ferroviária.

Integrante da diretoria recém-empossada, Renato Meirelles fez uma exposição sobre a importância do fortalecimento institucional do SIMEFRE, em razão de ser a entidade que oficialmente representa o setor e que oferece uma série de serviços e desenvolve ações apara as empresas

O programa incluiu uma explanação do economista Antônio Lanzana, a respeito do momento atual da economia brasileira e as expectativas e desafios para 2024. Também houve uma sessão de informações sobre relações trabalhistas.

O engenheiro e professor Jurandir Fernandes, dirigente de honra da União Internacional de Transportes Públicos (UITP), falou a respeito dos impactos das inovações tecnológicas e da transição energética no setor de mobilidade urbana.

O secretário-executivo da Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Manoel Marcos Botelho, fez uma apresentação sobre a expansão da rede de transportes públicos nas regiões metropolitanas de São Paulo.

O deputado federal Baleia Rossi e o ex-deputado Mauro Pereira foram reverenciados no encontro em razão do apoio que  têm oferecido em Brasília ao setor industrial de transportes.

TRENS DE PASSAGEIROS

O vice-presidente do SIMEFRE, Massimo Giavina, disse que, com entrega zero, o ano de 2022 foi um dos piores da história para a indústria ferroviária dedicada ao segmento de passageiros. De todo modo, ele avalia que 2023 começou a dar os primeiros sinais da retomada nessa área.

Massimo Giavina

Segundo afirmou, contratos fechados em anos anteriores iniciaram suas entregas em 2023, provocando o incremento da produção, porém, o adiamento para 2024 de editais previstos para 2023 derrubou as vendas no ano.

Para o dirigente, o desenvolvimento contínuo do setor metroferroviário requer  um planejamento de Estado, de longo prazo, com regras claras, arcabouços jurídico e econômico sólidos e consistentes, e segurança. A ideia é que exista um modelo que assegure previsibilidade ao setor, aos investidores públicos e privados e à sociedade.

Massimo Giavina asseverou que no segmento de passageiros persistem índices de ociosidade da capacidade instalada acima dos 80% e nenhuma constância no tempo, na demanda ao setor. Visando a esta previsibilidade, urge alçar o setor ao patamar de estratégico e requerer a imediata implantação de um planejamento de longo prazo.

No seu modo de ver, cabe ao governo estabelecer regras claras, homogeneizar a demanda de tempo, fiscalizar e controlar a execução dos planos setoriais. “A atratividade da iniciativa privada, do ponto de vista da operação, depende da mitigação de riscos (demanda, receitas, cambio) e do lado da indústria de maior previsibilidade e constância na demanda industrial e resultados seguros.”

A necessidade de melhores transportes públicos eficientes, seguros e confortáveis é grande e precisa ser atendida, no entanto, faltam políticas públicas neste sentido. “Acreditamos que estamos no início de um ciclo virtuoso de crescimento do setor com boas perspectivas de novos projetos na área de passageiros. Dentro do PAC, o acordo BNDES/Ministério das Cidades para serem feitos estudos para implementação em 21 regiões metropolitanas do sistema de transporte urbano.”

TRENS DE CARGA

“A indústria ferroviária espera um crescimento sustentável a partir de 2025 e considera 2024 um ano-ponte importante para isto”, afirmou o presidente da  Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER) e diretor do SIMEFRE, Vicente Abate.

Vicente Abate

Ele informou que o segmento de vagões de carga são previstas entregas de 1.271 unidades em 2023, cerca de 15% aquém da previsão feita há um ano, de 1.500 vagões. Foram exportados 62 vagões para a África. Para 2024 são previstas entregas de 1.600 unidades (26% maior que em 2023), incluídos 62 vagões adicionais para a África.

A cadeia de fornecedores reestruturou-se para atender a um volume de 1.300 vagões anuais, mas necessita estar atenta aos novos volumes projetados. Ressalte-se que a indústria de vagões, que trabalhava historicamente com antecedência de encomendas de seis meses, necessita agora de um prazo maior de antecedência por parte das Concessionárias, ou seja, de um ano.

Outra oportunidade para a indústria poderá ocorrer pelo fato de algumas concessionárias optarem pela substituição das caixas de vagões já em final de vida, o que movimentaria o setor de serviços. Some-se a esta oportunidade, a renovação da frota antiga que a indústria ferroviária está discutindo junto ao governo federal para a criação de um programa de substituição, tanto de vagões como de locomotivas. Estas encomendas ainda não se confirmaram, mas existem condições para serem realizadas a partir de 2024.

TEMAS ESSENCIAIS

A ABIFER e o SIMEFRE estão trabalhando em dois temas essenciais junto ao Ministério dos Transportes e à ANTT. A regulamentação da Portaria 1.324 (Programa Frota Ferroviária Verde) e a implementação dos Critérios Técnicos para a melhor e mais segura operação dos vagões de carga. “Ambas estão tendo uma boa aceitação por parte do governo.”

LOCOMOTIVAS

Na área de locomotivas, a previsão de entregas em 2023 é de 30 unidades, alinhada com a previsão de um ano atrás, de 31 locomotivas. Não houve exportações. Em 2024, são previstas entregas de 45 locomotivas.

“Importante ressaltar a digitalização embarcada nas locomotivas de última geração, já fabricadas no Brasil, além dos acordos entre as fabricantes brasileiras e empresas da Califórnia para testes em locomotivas de linha híbridas, com célula de hidrogênio verde.” avalia Vicente Abate.

RECUPERAÇÃO

Como previsto, o segmento de trens de passageiros iniciou sua recuperação em 2023, após anos sem encomendas, com entregas de 136 carros para os mercados interno e de exportação. A partir de agora, os volumes começarão a se acentuar, com entregas previstas de 274 carros em 2024, incluídos o projeto do Aeromóvel (6 carros), que iniciará sua operação assistida no início do segundo trimestre de 2024, a exportação de 6 carros para o Chile pela Marcopolo Rail, além da continuidade das exportações da Alstom para os metrôs de Taipei, Bucareste e Santiago e para a ViaMobilidade e Acciona no mercado interno.

“Aguarda-se, brevemente, a publicação do Edital para aquisição de 44 trens destinados ao Metrô SP, cujo financiamento já está contratado pelo Governo de São Paulo junto ao BNDES”, informa Massimo Giavina, vice-presidente do SIMEFRE e conselheiro da ABIFER.

Outro importante projeto, do Trem Inter Cidades (TIC), entre São Paulo e Campinas, já tem seu leilão anunciado para 29 de fevereiro de 2024 e será um marco que resgatará o Trem Regional no Estado de São Paulo.

SETOR ESTRATÉGICO

“O setor ferroviário brasileiro, incluindo as concessionárias de cargas e de passageiros e a indústria ferroviária brasileira, é estratégico para o País e como tal deve ser entendido e conduzido pelas autoridades governamentais de todas as esferas”, conclui Vicente Abate.

EXPANSÃO METROFERROVIÁRIA

Centro da cidade de São Paulo. Foto: Diogo Moreira/Divulgação Governo de São Paulo

Um VLT para o centro da cidade de São Paulo

O sistema teria 12 km de extensão, com duas linhas que conectariam cinco terminais de ônibus, nove estações de metrô e duas estações da CPTM

A administração municipal de São Paulo informou ter recebido do governo federal a sinalização de liberação de R$ 1,4 bilhão para a implantação do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) Centro, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A informação foi dada ao secretário municipal de Governo, Edson Aparecido, pelo ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, durante a COP28, em Dubai. A solicitação de inclusão do projeto no Novo PAC foi feita pela Prefeitura no início de novembro.

O VLT na área central permitirá um processo de requalificação urbana. O novo sistema sobre trilhos deverá integrar as principais estações de ônibus, trem e metrô, com uma opção de transporte rápido para quem precisa se deslocar pelo centro.

Segundo informou oficialmente a Prefeitura de São Paulo, a iniciativa já conta com estudos técnicos preliminares e projetos funcionais. Neste estágio os esforços são para elaboração de serviços especializados para o desenvolvimento de estudos técnicos urbanísticos como parte do Plano de Requalificação Urbana com Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável.

Um Grupo de Trabalho Intersecretarial foi constituído para acompanhar o desenvolvimento das etapas do projeto. Em 23 de novembro de 2023, o secretário paulistano de Governo, Edson Aparecido, recebeu representantes da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER) e do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE). As entidades colocaram-se à disposição da Prefeitura para colaborar com o grupo de trabalho. Participaram do encontro Massimo Giavina e Francisco Petrini, respectivamente vice-presidente e diretor-executivo do SIMEFRE, e também Vicente Abate e Alexandre Massaki e respectivamente presidente e vice-presidente da ABIFER.

CARACTERÍSTICAS

Centro histórico de São Paulo com pontos de destaque. Essa área estaria no centro das linhas do futuro VLT. Reprodução de publicação virtual da Prefeitura de São Paulo

Os estudos iniciais apontam para uma rede com aproximadamente 12 km de extensão distribuída em duas linhas que conectariam cinco terminais de ônibus, nove estações de metrô e duas estações da CPTM. As duas linhas se integrariam na Avenida. São João e, ao todo, teriam 27 estações de embarque e desembarque. Em relação às linhas de ônibus, destaca-se a conexão entre os Terminais Dom Pedro II, Bandeira e Princesa Isabel, absorvendo a população das Zonas Leste, Sul, Norte e Oeste.

A Prefeitura de São Paulo salienta que m dos principais destaques do projeto é a articulação de bairros da região central, como Bom Retiro e Brás. Conectados pelo Bonde São Paulo, eles serão integrados mais facilmente a espaços relevantes do ponto de vista econômico e cultural, como o Mercado Municipal, Triângulo Histórico, Rua 25 de Março, Theatro Municipal, Sala São Paulo e Biblioteca Municipal Mário de Andrade.

Parques e espaços livres de relevância também passarão a ser acessados pelo Bonde São Paulo, como o Vale do Anhangabaú, Parque da Luz, Largo do Paissandu, Largo do Arouche, Praça da Sé, Praça Dr. João Mendes, Praça da República, Parque Dom Pedro II e Parque Minhocão.

Além de reativar a saudosa memória dos bondes antigos do centro, o VLT será um indutor para a requalificação urbana do centro. Com ele, a circulação de pedestres atual poderá ser absorvida pela nova alternativa de transporte. Do ponto de vista ambiental, a rede de VLT poderá mitigar poluição atmosférica e sonora, reduzir congestionamentos e contribuir para a revitalização de áreas degradadas.

A Prefeitura promoverá nos próximos meses um chamamento público para receber contribuições da sociedade civil e da iniciativa privada para o projeto. Todas as iniciativas do Bonde São Paulo se articulam diretamente com a AIU Setor Central (Lei nº 17.844/2022).

RELAÇÕES INSTITUCIONAIS

Êxito marca primeira eleição geral do Sistema Confea/Crea e Mútua pela internet

O presidente da AEAMESP, engenheiro Luís Guilherme Kolle, felicitou pela vitória o presidente eleito do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), engenheiro de telecomunicações Vinicius Marchese, e os presidentes eleitos em cada Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), bem como os futuros dirigentes da Mútua.

Vinicius Marchese

Em 17 de novembro de 2023, concretizou-se, com êxito, primeira eleição geral do Sistema CONFEA/CREA e Mútua pela internet. O fato aconteceu justamente quando o CONFEA comemora 90 anos de atividades. A AEAMESP contribuiu com o amplo esforço de divulgação do processo eleitoral.

O pleito alcançou uma participação recorde, com 141.784 eleitores, representando 19,17% do total de um universo de 739.428 habilitados para exercer o direito de voto.

Os profissionais puderam votar por meio de dispositivos como celular, tablet ou computador, utilizando o site www.votaconfea.com.br. Ao todo, 88 cargos foram escolhidos pela internet.

Vinicius Marchese recebeu 62,9 mil votos, o que corresponde a 44,39% do total; ele presidirá o CONFEA de 2024 a 2026. Outros detalhes do pleito podem ser vistos aqui.

EXPANSÃO DA REDE

Instituto de Engenharia debate inovação e expansão da rede de transportes públicos da Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo

Ivan Whately, Miriana Marques, Marco Antonio Assalve, José Eduardo Frascá Poyares Jardim, e Rui Arruda Camargo

O Instituto de Engenharia de São Paulo promoveu na manhã de 30 de novembro de 2023 o evento intitulado Inovação e expansão da rede de transportes públicos da Secretaria de Transportes Públicos do Estado de São Paulo. O secretário de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Marco Antonio Assalve, participou da mesa inaugural do encontro com uma exposição respondendo a perguntas.

Essa sessão de abertura reuniu ainda dirigentes do Instituto de Engenharia: o presidente José Eduardo Frascá Poyares Jardim; o presidente do Conselho Consultivo, Rui Arruda Camargo; a primeira vice-presidente Miriana Marques, e o vice-presidente de Atividades Técnicas, Ivan Metran Whately.

PAINÉIS

Moderado por Jean Pejo, secretário-geral para o Brasil da Associação Latino-Americana de Ferrovias (ALAF-Brasil), o primeiro painel versou abordou o tema Tecnologia Aeromóvel e Alternativa como Sistema de Média Capacidade. As exposições ficaram a cargo de CEO da Aeron Sistemas de Transporte, Marcus Coester e do coordenador da Divisão Técnica de Mobilidade e Logística Urbana do Instituto de Engenharia, Flamínio Fichmann.

O segundo painel, intitulado Implementação do Aeromóvel no Aeroporto de Guarulhos, teve moderação do consultor Paulo Sayão e contou com duas exposições. Uma delas foi a respeito do tema Informação sobre o desenvolvimento das obras do people mover e aspectos técnicos da execução, por Eduardo Chrysostomo Silva, diretor de Operações da Aeron Sistemas de Transporte.

A outra exposição do segundo painel esteve a cargo de Petras Amaral Santos, gerente executivo da unidade de negócios Marcopolo Rail. Um mockup do veículo foi colocado em exposição para os visitantes, tendo havido, ainda, transmissão com drone em tempo real das atividades do projeto.

Tendo como moderador Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, desenvolveu-se o terceiro painel, com o tema Empreendimentos em execução da rede metroviária e de BRT nas regiões metropolitanas de São Paulo, com exposição de Manoel Marcos Botelho, secretário-executivo da Secretaria de Transportes Metropolitanos, do Governo do Estado de São Paulo

O último painel, sobre o tema Expansão das redes metropolitanas, Pesquisa Origem e Destino e PITU 2040, teve como expositor Alberto Epifani, coordenador de planejamento da Secretaria de Transportes Metropolitanos. A moderação foi de Ivan Metran Whately.

Veja aqui a gravação integral do encontro.

OPINIÃO

Metrô é investimento de longo prazo

Por Joubert Flores e Roberta Marchesi, respectivamente, presidente do Conselho e diretora-executiva da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos)

Você já deve ter escutado que o custo para construir uma linha de metrô é muito alto e o prazo de implantação longo, mas não é bem assim. Uma das críticas feitas a projetos para novas linhas de metrô é que elas custam muito mais caro e demoram muito mais tempo a serem abertas para operação do que projetos de BRT (Bus Rapid Transit), que se instalam normalmente à superfície, em faixas de avenidas existentes ou mesmo em faixas exclusivas construídas para esse fim. Entretanto, essa comparação peca ao não apreciar as vantagens comparativas de cada modo, particularmente a capacidade de transporte e qualidade de serviço. Contudo, é verdade que a implantação de projetos de metrô, e também os de BRT, em faixa exclusiva, poderiam demorar menos se houvesse melhor planejamento, projetos mais estudados e estreita supervisão dos contratos.

Roberta Marchesi

A alta capacidade de transporte proporcionada pelos sistemas sobre trilhos permite perceber nitidamente os benefícios dessa modalidade. Uma única linha implantada de metrô, por exemplo, é capaz de transportar cerca de 60 mil passageiros/hora/sentido, em uma única linha. Para efeito de comparação, o automóvel e o ônibus têm capacidade de apenas 1,8 mil e 6,7 mil passageiros/hora/sentido, respectivamente, por faixa de circulação. BRTs conseguem transportar até 15 mil passageiros/hora por sentido por faixa, necessitando até 4 faixas de avenidas importantes para poder transportar fluxos com 30 mil passageiros/hora/sentido. Ambos os modos de transporte são eficientes, dependendo da demanda de passageiros do corredor onde são instalados.

Enquanto uma linha de metrô transporta cerca de 60 mil passageiros/hora/sentido sem problemas, usando métodos de sinalização automática e oferecendo serviços com intervalos tão baixos, como 75 segundos, o BRT já tem mais dificuldade em operar nos períodos de alta demanda, como se pode ver pelos pioneiros exemplos do Transmilénio (Bogotá) e Metropolitano (Lima). Os ônibus do BRT são muito frequentes, mas têm de reduzir consideravelmente a velocidade, oferecendo um nível de qualidade de serviço que se deteriora muito durante os horários de maior demanda. E é a partir desse ponto que as médias e grandes cidades e regiões metropolitanas precisam buscar outras soluções, com maior capacidade, para satisfazer a demanda por transporte público da população. 

Essas soluções são, principalmente, voltadas para o transporte sobre trilhos – linhas de metrô, trem e VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos). Por isso, tanto São Paulo, Bogotá (Colômbia), Lima (Peru) e outras regiões metropolitanas que têm excelentes BRTs, buscam construir ou já construíram novas linhas de metrô. Portanto, não deve haver uma disputa entre os sistemas, mas uma complementariedade entre eles, dependendo da demanda de passageiros, que deve definir a solução adequada a ser implantada.

Joubert Flores

Cidades de porte médio ou corredores com demanda inferior a 12 mil passageiros/hora/sentido e com baixa expectativa de aumento de passageiros no longo prazo poderão ser candidatos a implantar sistemas de BRT ou VLTs, solução muito adotada na Europa e agora também no Rio de Janeiro/RJ e em Santos/SP. Mas, para capacidades mais altas e com potencial para aumentar mais em curto e médio prazos, uma solução metrô ou trem, seja em túnel ou viaduto, é mais apropriada.   

A construção de sistemas metroferroviários envolve equipamentos modernos, mão de obra especializada e complexas interfaces com a infraestrutura urbana das cidades, como zoneamento, redes de água, esgoto, energia e telecomunicações. Um tipo de obra que requer planejamento, investimentos e gestão de execução. Implica também, em vários casos, na desapropriação de terrenos e contínuo contato com as comunidades envolvidas para minimizar impactos negativos durante a construção. Dada a vida útil da infraestrutura, que excede, em geral, 50 anos, os custos são, à primeira vista, mais altos que os de um BRT, em via exclusiva. Entretanto, há que se considerar que a infraestrutura das estações dos sistemas de trilhos é robusta e as vias e ativos são de longa durabilidade. Enquanto isso, os sistemas de menor capacidade de transporte exigem maior custo com recapeamento de vias, manutenção e recuperação de pontos de paradas e troca de ativos, que tem vida útil muito menor. Sem contar que esses sistemas são reféns dos sistemas de trânsito, contribuindo para a formação de longos congestionamentos nas cidades, o que não permite que o passageiro saiba quando vai chegar ao seu destino.

Se superarmos a discussão superficial sobre essa comparação, que envolve apenas o investimento inicial, e tratarmos do tema de forma adequada, considerando todo o ciclo de vida dos ativos envolvidos, ou ainda o investimento por passageiro transportado, veremos que a viabilidade da adoção dos trilhos supera a implantação de qualquer outro sistema para corredores de alta demanda.

A construção de linhas de metrô, trem e VLT trazem um grande retorno para sociedade, que vai muito além do transporte. A sua alta capacidade e longevidade fazem com que a sua implantação gere retornos imediatos para os cidadãos, por meio de um transporte rápido, seguro e regular, sem congestionamentos e sem emissões de poluentes, sem contar que é movido à energia limpa e contribui com a sustentabilidade das cidades.

Dessa forma, os sistemas sobre trilhos contribuem para o aumento da mobilidade nos centros urbanos, para o incremento da qualidade, da segurança e da regularidade do transporte público, reduzindo ainda a poluição. E quanto maior o índice de mobilidade, maior o desenvolvimento social e econômico. É importante que os gestores públicos considerem que o aumento da mobilidade tem de estar atrelado aos limites de sustentabilidade impostos pelo ambiente, pelo uso de energia, de espaço e os demais recursos escassos para o Planeta. E, desse ponto de vista, são os meios de transportes sobre trilhos os mais indicados para economizar tais recursos.

Ressaltamos que os benefícios da mobilidade sobre trilhos são conhecidos, mas, sem planejamento, as cidades ficam reféns de soluções de curto prazo, que não lidam com as questões fundamentais, e não resolvem o problema da mobilidade nos médios e grandes centros integrados na região metropolitana. É preciso superar velhas práticas, para avançar com a implantação de sistemas de transporte público adequados à realidade da demanda das cidades. E isso envolve todos os sistemas, sejam BRTs ou Trilhos!

Artigo originalmente publicado no jornal O Tempo, 20 de novembro de 2023.

DESTAQUES DO TRANSPORTE

O presidente da Concessão Metroviária do Rio de Janeiro – MetrôRio, Guilherme Ramalho, recebe o troféu das mãos do presidente da NTC&Logística, Francisco Pelucio

Duas operadoras e uma indústria do setor metroferroviário receberam o prêmio ‘Maiores do Transporte & Melhores do Transporte 2023’

Entre as mais de 40 empresas de diferentes segmentos, foram distinguidas a Concessão Metroviária do Rio de Janeiro – MetrôRio, a operadora de transporte ferroviário de carga Rumo Malha Norte, e a Greenbrier Maxion, fabricante de vagões

Em cerimônia realizada no Transamérica Expo Center, na cidade de São Paulo, três companhias diretamente ligadas ao setor metroferroviário receberam em 28 de novembro de 2023 o prêmio Maiores do Transporte & Melhores do Transporte, definido com base nos resultados financeiros do ano anterior – no caso, 2022. O prêmio é outorgado pela OTM Editora, que publica as tradicionais revistas Transporte Moderno e Technibus. Essa foi a 36ª edição do prêmio

As premiadas metroferroviárias foram a Concessão Metroviária do Rio de Janeiro MetrôRio, a operadora de transporte ferroviário de cargas Rumo Malha Norte, e a Greenbrier Maxion, fabricante de vagões. O desempenho das companhias e de suas concorrentes em 2022 e bem como depoimentos dos principais dirigentes das vencedoras podem ser vistas no anuário do prêmio, que pode ser baixado aqui.

60 ANOS DE COBERTURA DO TRANSPORTE

A festa da premiação teve também a comemoração dos 60 anos da revista Transporte Moderno, que começou a ser editada em junho de 1963 pela Editora Abril, ainda sob direção de Victor Civita. Foi produzida uma edição especial contando a trajetória da publicação, que pode ser vista aqui. A OTM Editora disponibiliza gratuitamente para o público interessado um acervo digital com todas as suas publicações, incluindo todos os exemplares de Transporte Moderno, desde sua edição inaugural, datada de junho de 1963. Acesse o acervo digital.

MEIO DE PAGAMENTO

Passageiros já podem pagar suas passagens nas catracas do TEU, usando um QR code gerado no aplicativo de celular KIM

Em parceria com a Trensurb, o sistema TEU! – Bilhete Metropolitano lançou no final de outubro significativa inovação na forma de pagamento de passagens para seus usuários que utilizam o metrô.

Agora, os passageiros podem pagar suas passagens nas catracas do TEU, usando um QR code gerado no aplicativo de celular KIM.

A Tresurb informou que esse novo método de pagamento torna o processo completamente digital, eliminando a necessidade de cartões físicos do TEU e dinheiro.

A nova modalidade de pagamento estará disponível para todos os usuários da Trensurb que baixarem o KIM, aplicativo de celular oficial de vendas de créditos do TEU.

Para fazer o pagamento, basta o passageiro acessar o aplicativo KIM no celular, recarregar o cartão virtual, gerar um QR code e selecionar na tela do validador do TEU a opção de pagamento por meio deste dispositivo, apontando o smartphone para a câmera do validador.

Atualmente, cerca de 1 milhão de passageiros utilizam mensalmente o sistema TEU de pagamento para o deslocamento na Trensurb.

ARTE NO METRÔ

Inaugurado na Estação 106 Sul do Metrô-DF um painel com cenas que celebram o Uruguai  A obra é do pintor uruguaio Damian Ibarguren Gauthier

Em 24 de novembro de 2023 foi apresentado na Estação 106 Sul do Metrô-DF o painel do pintor uruguaio Damian Ibarguren Gauthier, celebrando o Uruguai

O painel retrata cenas cotidianas vivenciadas pelo artista em seu país, como um cachorro observando uma criança indo à escola de bicicleta com o pai, idosos na frente de casa, uma praia com farol e casas de campo.

O trabalho foi realizado a convite da Embaixada do Uruguai em parceria com a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF), por meio da Gerência de Projetos Especiais.

A cerimônia de apresentação da obra teve a presença do embaixador do Uruguai, Guillermo Eduardo Valles Galmes. Ele destacou a importância dos povos fazerem conexões, que ressaltem o valor da cultura, de suas histórias, entre os seres humanos. “A arte é uma forma de se civilização, de integrar os povos. Essa é a ideia dessa obra apresentada aqui no Metrô-DF”.

Participaram da solenidade o secretário de Relações Internacionais do Governo do Distrito Federal (GDF), Paco Britto; o diretor presidente do Metrô-DF, Handerson Cabral e os diretores da companhia Leyvan Leite Cândido, de Administração, e Márcio Guimarães de Aquino, Operação e Manutenção.

O pintor uruguaio de 53 anos, Damian Ibarguren Gauthier, enquanto executava o painel agora exibido na Estação 106 Sul do Metrô-DF

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