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Críticas e pressões por obras

Como avançar em tempos de crise, tema do último painel do evento, provocou críticas, pedidos de explicações e cobranças de Ongs e fóruns populares pela retomada de obras paradas, mais investimentos e execução de obras prometidas

Representantes de movimentos sociais como o Fórum Pró-Metrô da Freguesia do Ó, deram o tom do painel 9 que aconteceu no último dia da 23ª Semana de Tecnologia Metroferroviária, em São Paulo e o deputado estadual João Caramez (PSDB) e coordenador da Frente Parlamentar em Prol do Transporte Metroferroviário (FTRAM) da Assembleia Legislativa de São Paulo, respondeu pela coordenação do debate.

No encontro, realizado pela Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô – AEAMESP, o professor José Manoel Ferreira Gonçalves, coordenador de pós-graduação de Infraestrutura de Transportes da Universidade Paulista UNIP, fez veemente defesa do transporte ferroviário de cargas e de passageiros. Desde 2013 ele preside a FerroFrente – Frente Nacional pela Volta das Ferrovias, e busca apoio popular a um projeto de lei que discrimina nas notas fiscais dos consumidores o valor do frete de cada produto. Segundo ele, o frete ferroviário equivale a um sexto do rodoviário e polui quatro vezes menos.

Ele denunciou que o Brasil desperdiça 5% do PIB em logística por utilizar o transporte rodoviário de cargas em vez do ferroviário, o equivalente de R$300 bilhões. Com essa quantia seria possível construir novos ramais ferroviários pelo País e executar o Plano Nacional de Logística, mostrado no evento pelo presidente da EPL, José Carlos Medaglia Filho, no valor de R$132 bilhões. “Já passou do tempo de o Brasil fazer essa mudança para o modal ferroviário”, reforçou Gonçalves.

Fernando Palmezan Neto, diretor do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (ISITEC) e diretor da Federação Nacional dos Engenheiros, que mantém cursos de engenharia e pós-graduação, afirmou que a classe está passando por uma tripla crise, além da econômica do país, o forte desemprego e o desmantelamento das empresas. “Não se pode destruir uma companhia que emprega. Estão destruindo a engenharia nacional”. Ele citou uma recente concorrência da Petrobras em que as empresas brasileiras foram impedidas de participar, mas que todas as 22 estrangeiras que disputaram a obra eram denunciadas por problemas como às daqui.

Palmezan chamou dos engenheiros metroferroviários presentes ao debate, que participem da política e escolham candidatos para substituir os parlamentares atuais. Assim como os metroferroviários defendem mais trilhos e mais desenvolvimento a Federação e os 18 sindicatos estaduais dos engenheiros defendem mais engenharia e mais desenvolvimento. Palmezan sugeriu que o Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura (Confea) seja como a OAB, que defende o Direito, que o Confea faça a defesa da indústria nacional. “Não haverá desenvolvimento se não houver investimento na indústria”, concluiu.

Jean Pejo, secretário Geral da Associação Latino-Americana de Ferrovias (ALAF), outro ferrenho defensor da recuperação das ferrovias desativadas no Estado de São Paulo, chamou a atenção dos participantes sobre o esgotamento da capacidade de tráfego das rodovias no interior paulista. A saída, segundo ele, é a substituição dos congestionamentos que atrasam a entrega das cargas, pelas ferrovias com pequenas composições de sete toneladas por eixo, que podem desenvolver maior velocidade. Ele diz ser perfeitamente viável a convivência das composições de carga com os carros de passageiros. “É inadmissível que o sistema rodoviário responda por 85% das cargas movimentadas no Estado de São Paulo em rodovias pedagiadas e congestionadas a qualquer hora do dia, disse ao exibir diversos slides com pistas lotadas de caminhões.

A FTRAM – Frente Parlamentar em Defesa do Transporte Ferroviário, da Assembléia Legislativa de São Paulo defende a implantação dos trens regionais e oferta de outros serviços além do transporte de passageiros. Para isso recomenda regras claras e pressão da sociedade para garantia de fontes de recursos, contratação das obras apoiadas em projetos executivos que garantam a eficiência do sistema.

Respondendo o tema do painel: avançar em tempos de crise, Emiliano Affonso, conselheiro consultivo da AEAMESP, mostrou a retomada das obras metroferroviárias na região metropolitana de São Paulo e as primeiras inaugurações de estações do metrô neste ano. Mas criticou a falta de financiamento que, segundo ele, sobrecarrega os cofres do Estado. E citou o exemplo dos Estados Unidos onde o governo federal contribui com 44% do total dos investimentos em obras do metrô, os Estados americanos com 24% e as prefeituras com o restante. No caso de Nova York, a prefeitura contribui com 39%. Todos os recursos são públicos. No Brasil, os encargos são do Estado e as prefeituras investem apenas em corredores para ônibus.

Participantes dos debates também fizeram sugestões, como elaboração de documento a ser entregue às autoridades com as sugestões apresentadas no evento.  Uma delas refere-se à construção do tramo Norte do Ferroanel, para liberar os trilhos na região metropolitana desviando as cargas para o Porto de Santos e para beneficiar o transporte de passageiros na região metropolitana.

Como resultado da pressão popular para conquista de obras, o evento trouxe representantes do Fórum Pró-Metrô na Freguesia do Ó, bairro popular da Zona Norte de São Paulo, que teve colaboração do FTRAM na criação da linha 6 que sai da Vila Brasilândia, além da Freguesia do Ó até a estação São Joaquim, na linha 1 azul para integração com as demais linhas. Embora aprovada e contratada a empresa privada não demonstrou capacidade de garantia de financiamento e as obras foram paralisadas.

O secretário Estadual de Transporte Metropolitano Clodoaldo Pelissioni, anunciou no encerramento do evento, que um grupo chinês vai assumir a construção e operação da linha, que o contrato de intenções já foi assinado e que uma equipe de engenheiros chineses deve visitar o trajeto em outubro.

Distante 2,5 km do terminal 1 – Frederico Bussinger, ex-secretário de Transportes do Estado de São Paulo pediu explicações sobre a Linha 13 Jade, da CPTM, prometida para operar em 2018. “O trem não chegará até o aeroporto de Guarulhos, mas a estação ficará distante 2,5 km do terminal 1, exigindo um serviço adicional de transfer”, afirmou. Bussinger pediu ao deputado João Caramez que a FTRAM cobre uma explicação do governo do Estado.

Essa questão havia sido esclarecida na entrevista coletiva pelo presidente da AEAMESP Pedro Machado. A CPTM está fazendo uma linha de trem para Guarulhos, município que não é servido pelo transporte de passageiros por trilhos. A linha terá uma estação no bairro Cecap, outra próxima ao aeroporto e deve chegar até Bonsucesso. “Não é uma linha expressa ao aeroporto”, esclareceu.

Jean Pejo, da ALAF, interveio no final dos debates para criticar a falta de projetos executivos para obras de transportes sobre trilhos e também na área de logística. “Todo mundo tem planos, prefeitos, governadores, estatais, mas não se fazem os projetos conceituais básicos ou executivos, capazes de obter Eia-Rima (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto ambiental), nem de apurar os custos corretos”. Por isso os planos não avançam como ocorreu com os Planos de Investimentos em Logística (PIL), exemplificou.

Imagens do evento: https://www.flickr.com/photos/141705917@N06Serviço

 


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