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Expansão da rede, ligações por trilhos entre cidades e prorrogação das concessões de ferrovias de carga são cruciais para emprego e produção na indústria ferroviária

Composição da CPTM. Foto: Rafael Asquini

 

A expansão e requalificação da rede metroferroviária – bandeira permanente da AEAMESP –, a retomada da interligação ferroviária entre cidades e a prorrogação das concessões de ferrovias de carga, permitindo investimentos consideráveis nos próximos anos, são fatores cruciais neste moimento para a manutenção dos níveis de emprego e produção da indústria ferroviária conquistou ao longo desta década. É possível chegar a esta conclusão quando se leva em conta os resultados da indústria ferroviária em 2017, apresentados no dia 30 de novembro de 2017, na sede da FIESP, em São Paulo, durante o Encontro Técnico e de Relacionamento promovido pelo Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários. (SIMEFRE).

José Antônio Fernandes Martins

Conduzido pelo presidente do SIMEFRE, José Antônio Fernandes Martins, o encontro foi integralmente acompanhado pelo presidente da AEAMESP, engenheiro Pedro Machado. Os dados de desempenho do setor metroferroviário foram apresentados por Luiz Fernando Ferrari, vice-presidente do SIMEFRE, e por Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER). Foram também apresentados resultados do período por representantes dos segmentos de ônibus, implementos rodoviários e peças, que disseram esperar crescimento em 2018, e dos segmentos de bicicletas e motocicletas, que relataram estabilidade no presente exercício. Houve ainda uma sessão com informações e considerações sobre relações trabalhistas depois da aprovação da reforma trabalhista.

Análise econômica e informações. No seminário integrado ao encontro houve ainda uma exposição do economista Antônio Lanzana, da Universidade de São Paulo, que traçou um cenário razoavelmente positivo da economia como um todo e para o setor industrial em particular. Outra sessão contou com exposição do secretário municipal de Mobilidade e Transporte de São Paulo, Sérgio Avelleda, sobre planos da administração para a mobilidade urbana.

Houve ainda uma sessão em que foram apresentados projetos e obras da Secretaria de Transportes Metropolitanos (STM) do Estado de São Paulo, com exposições de Paulo de Magalhães Bento Gonçalves, presidente da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Joaquim Lopes da Silva Júnior, presidente da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) e pelo gerente do Escritório Corporativo do Metrô-SP, Luiz Cláudio Didio Briani.

O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira de Oliveira, que deveria falar durante o seminário, atrasou-se, mas participou do almoço de confraternização servido após encontro, no qual houve homenagem ao engenheiro Walter Pedro Bodini, autor do livro Dois Trilhos – Mil Destinos.

INDÚSTRIA SOFRE COM OSCILAÇÕES NAS ENCOMENDAS

Documento de imprensa distribuído durante o Encontro Técnico de Relacionamento do SIMEFRE mostra que a indústria sofre com as elevadas oscilações nas encomendas. Os volumes de produção e entrega de veículos ferroviários em 2017 serão menores do que os de 2016. De acordo com Vicente Abate, deverão ser entregues 2.900 vagões de carga – 400 deles antecipados de 2018 (contra 3.903 entregues em 2016); 81 locomotivas (contra 109 em 2016), e 310 carros de passageiros (contra 473 em 2016). “É uma expressiva queda – da ordem de 30% – em todos os tipos de veículos”.

O dirigente acrescenta que esses números incluem o volume exportado: 88 carros de passageiros para Argentina, Chile e África do Sul. Materiais como rodas, truques e grampos foram exportados, porém em volumes menores, devido ao câmbio médio valorizado em relação a 2016. Quanto aos carros de passageiros, não ocorreu nenhuma nova encomenda em 2017. Houve apenas uma concorrência no Brasil, de oito trens para a Linha 13 – Jade, da CPTM – ligação com o Aeroporto de Guarulhos – , vencida por um fabricante chinês. O faturamento total do setor em 2017 será inferior ao de 2016, ocasião em que alcançou o patamar de R$ 6,6 bilhões. Haverá portando uma queda, depois de dez anos contínuos de crescimento.

Redução de empregos. “Diante deste quadro, os fabricantes de carros tiveram que reduzir significativamente a mão-de-obra empregada em suas respectivas empresas. Tal redação só não foi mais dramática devido às exportações em curso e à execução de serviços de modernização de trens e fabricação de fabricação de carros remanescentes de contratos nacionais que se encerrarão em 2018”, explica o vice-presidente do SIMEFRE, Luiz Fernando Ferrari.

O dirigente destaca que estão previstas para 2018 a retomada das obras da Linha 6 – Laranja e, talvez, o início das obras da Linha 18 – Bronze, ambas do Metrô-SP, além do lançamento do Trem InterCidades – TIC, no trecho São Paulo a Americana, e de uma possível licitação do Trem Goiânia a Brasília. Todos esses projetos gerarão importantes encomendas para a indústria brasileira nos próximos anos.

Argentina pode ajudar. Segundo o dirigente do setor metroferroviário Ricardo Ochoa, há grande expectativa da indústria nacional de carros de passageiros participar em 2018, com o apoio do governo federal via BNDES, de licitação na Argentina para o fornecimento de 1.352 carros.  Ele afirma que esta licitação será uma das maiores do mundo nos últimos tempos, sendo o financiamento do BNDES crucial para que as empresas brasileiras tenham sucesso.

Prorrogação de licitações. Para 2016, um melhor desempenho da indústria de vagões de carga, locomotivas e materiais para via permanente dependerá da continuidade dos investimentos das concessionárias Rumo, VLI, MRS e Vale. Essas empresas seguem negociando com o governo a renovação antecipada de seus contratos, que vencerão em dez anos.

“É de vital importância que as assinaturas de todos os contratos de renovação ocorram até o primeiro trimestre de 2018. Caso isso não aconteça, poderá haver mais perda de mão de obras na indústria, assim como atrasos significativos nos investimentos planejados pelo setor, pois os volumes de vagões e locomotivas serão os mais baixos dos últimos anos”, ressalta Abate.

A produção e entrega de veículos para 2018 continuará em queda. Estima-se que sejam entregues 298 carros de passageiros (94 para exportação), somente 60 locomotivas e entre 2.000 e 3.000 vagões. “Os 3.000 vagões e as 60 locomotivas somente serão possíveis se as renovações das concessões no setor de cargas acontecerem até o primeiro trimestre de 2018”, concluiu Vicente Abate.