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Temos que rever a forma de oferecer uma boa mobilidade para os brasileiros.

Emiliano Affonso, presidente da AEAMESP

Emiliano Stanislau Affonso NetoIniciamos 2016 com muitas expectativas e preocupação com o futuro do nosso País. No setor metroferroviário, presenciamos a diminuição dos orçamentos de empresas operadoras, a redução de obras de expansão e atrasos expressivos ou mesmo postergação sem prazos de compromissos assumidos com a população.

O que fazer? Estudos mostram que uma boa mobilidade nas cidades é fundamental para o crescimento econômico de uma nação. Existem diversos exemplos de investimentos públicos na implantação e operação de sistemas estruturadores de transporte na América do Norte, Europa e Ásia que poderiam ser seguidos.

Na América do Norte, de acordo com relatório da APTA – American Public Transportation Association, 100% dos investimentos nas redes estruturadoras de transporte coletivo nas cidades são públicos e os três níveis de governo participam, sendo que o Governo Federal entra com o maior valor na implantação e os usuários com apenas 33% do custo das passagens. Os recursos vêm de várias fontes e variam de estado para estado, existem fundos gerais, taxas na gasolina, da venda ou aluguel de carros, registros, licenças etc.

Enquanto isso, no Brasil, continuamos no caminho errado, a pesquisa Origem e Destino mostrou que para um aumento de população de 2% na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), entre 2007 e 2012, houve um acréscimo de 18% na frota de automóveis.

São Paulo apresenta congestionamentos recordes com consequências nefastas para a economia e a poluição, cerca de 90% da poluição atmosférica é gerada pelos carros, motos, ônibus e caminhões. Temos que rever urgentemente a forma de proporcionarmos uma boa mobilidade para os brasileiros. De acordo com o professor da Universidade de São Paulo (Eduardo A. Haddad), o Brasil desperdiça R$156,2 bilhões por ano só com a perda de produtividade causada pela morosidade do trânsito em São Paulo.

Os moradores da Região Metropolitana de São Paulo gastam meia hora a mais do que deveriam no deslocamento entre as residências e os locais de trabalho. Se o excesso de tempo fosse eliminado o PIB (Produto Interno Bruto) nacional cresceria 2,83% e a cidade absorveria 50% do benefício.

Estudo apresentado pela professora Simone Georges Miraglia, da Universidade Federal de São Paulo, na 21ª Semana de Tecnologia Metroferroviária, mostrou que os benefícios do Metrô de São Paulo em termos da redução da poluição atmosférica e seus efeitos associados a saúde pública evitam custos da ordem de US$ 18 bilhões/ano.

Estudos não faltam sobre o montante de recursos jogados fora pela falta de uma boa mobilidade em nossas cidades e sabemos que nas grandes metrópoles, para que ela ocorra, é indispensável a implantação de uma rede estruturadora de transporte público apoiada nos sistemas sobre trilhos e a racionalização do uso dos carros.

Não podemos aceitar passivamente a paralisação de obras de mobilidade, pois a falta delas comprometerá o nosso futuro. Temos que dar apoio técnico aos nossos dirigentes, envolver nossos representantes no legislativo e alertar a sociedade civil organizada que o desenvolvimento consistente do nosso País passa pela reversão urgente da forma que priorizamos os investimentos em mobilidade urbana.