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Linha 5 Lilás: informações equivocadas não podem macular imagem técnica do Metrô-SP

Temos acompanhado nos últimos dias as repercussões na imprensa de denúncia do Ministério Público de São Paulo sobre a compra de 26 trens para a Linha 5-Lilás.
A base de tais denúncias atinge o corpo técnico do Metrô de São Paulo, profissionais que sempre se pautaram pelo respeito aos usuários e pela absorção da tecnologia metroviária, buscando o conhecimento pleno de todos os sistemas empregados na operação e manutenção, o que permitiu à Companhia do Metropolitano de São Paulo tornar-se referência nacional e internacional no setor de mobilidade.

Obras da estação AACD Servidor da Linha 5 - Lilás em junho de 2016. Foto: Metrô-SP

Obras da estação AACD Servidor da Linha 5 – Lilás em junho de 2016. Foto: Metrô-SP

O metrô paulista se destaca pela excelência e confiabilidade de seus serviços, sendo seu grande problema a pequena rede, muito aquém da necessidade da cidade; trata-se da mais densa rede metroviária do mundo, transportando em seus poucos quilômetros 4,6 milhões de passageiros nos dias úteis.

Procurando reverter essa defasagem, o Governo do Estado de São Paulo propôs um programa ambicioso de crescimento da rede metroferroviária, no qual está inserida a ampliação da Linha 5 – Lilás, do Largo 13 até a Chácara Klabin. Infelizmente, para sua implantação, esse programa tem esbarrado em um crescente conjunto de novas exigências de diferentes ordens, as quais acabam acarretando novas demandas, custos e prazos.

O trecho da Linha 5 em operação possui sistema de sinalização por bloco fixo (ATC) e bitola internacional de 1.435 mm, bitola esta classificada e definida em normas internacionais da UIC – União Internacional de Ferrovias e da AAR – Association of American Railroads e utilizada pelos sistemas de metrôs mais modernos do mundo e também adotada na Linha 4 – Amarela e na futura Linha 6 – Laranja. O trecho em implantação da Linha 5 e os novos trens comprados para seu atendimento também possuem esta bitola de 1.435 mm e, portanto, em nada diferem nesse ponto dos oito trens já em operação na linha. Esses trens não podem ser utilizados nas linhas 1, 2 e 3 do Metrô-SP, que possuem bitola de 1.600 mm e sistema de alimentação elétrica por terceiro trilho ao invés de catenária.

Para a extensão da Linha 5, foram contratados 26 novos trens e a implantação do sistema de sinalização CBTC – “Communications Based Train Control” para toda a linha, o que possibilitará a circulação com intervalos menores, o aumento da oferta de lugares e a redução dos custos operacionais de manutenção, haja vista que o sistema ATC caminha para a obsolescência. Estes trens foram adquiridos em 2011 para permitir seu fornecimento em prazo que não prejudicasse o início de operação da extensão inicialmente previsto.

Já foram entregues 25 trens; um deles encontra-se estacionado no Pátio Jabaquara, 16 nos pátios da Linha 5 e oito na fábrica da CAF em Hortolândia/SP, protegidos com capa termo contrátil contra intempéries. Técnicos do Metrô-SP realizam sistematicamente vistorias nestes trens, analisando o estado de conservação para verificar a eficácia da proteção termo retrátil, com resultados positivos. Para os trens já entregues nos pátios do Metrô-SP, existe um procedimento de conservação, emitido pelo fabricante, que está sendo observado. O 26º trem encontra-se nas fases finais de fabricação.

Na maior parte dos trens que se encontram nas instalações da Linha 5, foram realizados testes de comissionamento, sendo que, para o trem “cabeça de série” foram feitos testes com a composição vazia e carregada – com a utilização de sacos de areia para simular um trem lotado de passageiros. Doze dos trens estacionados na Linha 5 foram testados dinamicamente e em oito deles também foi testado o sistema de sinalização CBTC.

Segundo o Metrô-SP, os treinamentos das equipes de manutenção estão praticamente finalizados e o treinamento dos operadores encontra-se em curso. A finalização dos testes e o início da operação branca, feita sem passageiros, estão previstos para os próximos meses.

Conforme contrato, a garantia de dois anos dos novos trens terá inicio com a sua entrada em operação comercial e a eletrônica embarcada deverá continuar íntegra, já que trens são concebidos para operar por pelo menos 30 anos. Após a entrada dos trens em operação, sua manutenção será efetuada pelo Metrô-SP, com a assistência da empresa contratada durante o período de garantia.

Defendemos a atuação do Ministério Público e destacamos a sua importância para a democracia. Defendemos também a necessidade de haver prestação de esclarecimentos à população paulistana, que sofre dificuldades diárias para se locomover em razão de uma mobilidade aquém da necessidade da metrópole e deseja uma rápida ampliação da malha metroferroviária.

Porém, não podemos aceitar que denúncias com informações equivocadas possam vir a macular a integridade moral e profissional do corpo técnico da Companhia do Metropolitano de São Paulo e achamos por bem vir a público esclarecer pontos técnicos, esperando que os órgãos de comunicação divulguem informações precisas para a nossa população.

Emiliano Affonso, engenheiro, presidente da AEAMESP