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Na 23ª Semana, documento da ALAMYS vai mostrar que transporte sobre trilhos é melhor opção para garantir sustentabilidade das grandes cidades latino-americanas

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Constantin Dellis

No Painel 2 da 23ª Semana de Tecnologia Metroferroviária, que terá por tema O impacto do metrô no desenvolvimento urbano, o chefe da Secretaria Geral da Associação Latino-Americana de Metrôs e Subterrâneos (ALAMYS), Constantin Dellis, apresentará um documento de análise com 20  páginas, intitulado Por que o desenvolvimento de projetos de transporte sobre trilhos é a melhor opção para a sustentabilidade das grandes cidades latino-americanas.

O  texto dará suporte a ação a ser desencadeada pela ALAMYS com apoio da AEAMESP e outras organizações brasileiras do setor, visando demonstrar para os tomadores de decisão na esfera governamental as vantagens técnicas, econômicas, políticas, sociais e ambientais trazidas pela implantação ou ampliação de modos de transporte de passageiros sobre trilhos como elementos estruturadores do transporte público nos maiores centros urbanos e ponto de apoio fundamental para a transformação da realidade das metrópoles latino-americanas.

Programado para o dia 20 de setembro de 2017, das 10h40 às 12h, o Painel da ALAMYS reunirá ainda especialistas dos metrôs da cidade do Porto, Portugal; Santiago, Chile, e Medellín, Colômbia. Quatro dias. Realizada pela AEAMESP em paralelo com o METROFERR Lounge Experience, a 23ª Semana de Tecnologia Metroferroviária, acontecerá no período de 19 a 22 de setembro de 2017, no Auditório da Universidade Paulista  (UNIP), Unidade Paraíso, localizada na Rua Vergueiro, 1.211, em São Paulo/SP.

TRANSFORMAR AS CIDADES LATINO-AMERICANAS

O documento de análise está estruturado em dois segmentos principais, seguidos de uma súmula das conclusões e da indicação de referências concernentes aos dados e conceitos apresentados.

O primeiro segmento trata de oferecer elementos que indicam porque a América Latina deve redefinir o planejamento urbano, considerando, no caso dos grandes centros, a reformulação do papel dos sistemas de transporte público – em especial os sistemas sobre trilhos – para torná-los elementos de indução do progresso, da qualificação das cidades e do bem-estar de suas populações.

Essa parte primeira serve de pano de fundo para o tema central do documento, oferecendo elementos a respeito da urbanização latino-americana e alguns de seus principais problemas. O documento aponta a necessidade de reversão de um quadro marcado pela falta de vontade política  e, consequentemente, pela ausência de recursos para ações de planejamento que possam transformar as metrópoles e as maiores cidades da região.

De modo geral, esses grandes centros ostentam tipologia urbana marcada por uma dicotomia: a existência de áreas que abrigam, além das melhores residências e infraestruturas qualificadas, também as instituições públicas e empresas privadas, a maior parte dos empregos e todos os tipos de serviços, em contraposição a grandes periferias destinadas essencialmente a servir de dormitório às populações  de baixa renda, “condenadas a viajar longas distâncias, com dificuldade, para realizarem as suas atividades cotidianas em outros locais”.

O texto salienta que, em 2017, a América Latina conta com 647 milhões de habitantes, dos quais aproximadamente 79% moram nas cidades, e segue apresentando propensão ao aumento de suas populações urbanas nos próximos anos. E que tal situação amplia a pressão para atendimento das necessidades de mobilidade, de modo a garantir o acesso “democrático, equitativo e eficiente” de toda população aos diferentes bens e serviços que as cidades oferecem.

Todo esse contexto evidencia a importância da implantação e ampliação de sistemas de transporte público – os sistemas sobre trilhos, de alta capacidade, integradamente com os outros modos eficientes de transporte – para apoiar o desenvolvimento e o progresso das cidades e assegurar às pessoas o direito fundamental de melhorar substancialmente a sua qualidade de vida.

QUATRO PONTOS EM FAVOR DOS TRILHOS URBANOS

Na segunda parte do documento, são apresentadas quatro razões que justificam a implantação de projetos metroferroviários nas cidades latino-americanas.

Trens da Supervia junto à Central do Brasil. Foto: André Gomes de Melo/Governo do Estado do Rio de Janeiro

Os sistemas metroferroviários são mais rápidos, confiáveis e seguros, com atributos como pouca ou nenhuma interferência de outros modos, maior freqüência, regularidade dos tempos de viagens e de espera, melhor oferta de informações aos usuários e, ainda, melhores condições de conforto, bem como segurança relativa a acidentes e proteção contra ações criminosas.

Com base em exemplos internacionais, o documento destaca elementos indicativos de que os sistemas metroferroviários revalorizam as cidades e aumentam o valor agregado das propriedades instaladas em seus arredores, possibilitando que o poder público recupere, para possíveis novos financiamentos, os montantes investidos em infraestruturas concernentes à implantação de metrôs.

Metrô de Buenos Aires, Estação Corrientes. Foto: Rafael Asquini

O estudo também traz elementos demonstrativos de que os sistemas metroferroviários apresentam alta eficiência no uso do espaço urbano, no consumo de energia e quanto a emissões ao meio ambiente. E de que asseguram para toda a sociedade menores custos econômicos e, mais do que isso, expressiva economia de recursos públicos, das empresas privadas  e dos cidadãos, quando se consideram todas as suas externalidades positivas, entre as quais, redução de tempos de deslocamento, diminuição de congestionamentos, menores índices de emissão de poluentes e redução de acidentes de trânsito.

SUBSÍDIOS OPERACIONAIS PARA O TRANSPORTE PÚBLICO

Composição do VLT do Rio de Janeiro. Foto: Arquivo Agência Brasil/Fernando Frasão

O documento de análise toca ainda num ponto consideravelmente sensível para os gestores e os passageiros nas cidades brasileiras: a questão do custeio dos sistemas de transporte coletivo diante da necessidade de garantir a modicidade da tarifa para o usuário, sem sacrificar a qualidade das infraestruturas e dos serviços. O texto aponta que os níveis de subsídio são baixos na América Latina, enquanto na América do Norte,  Europa e Oceania, os sistemas contam com níveis significativos de subsídio operacional, suportados por diferentes fontes, inclusive recursos públicos. E mostra o exemplo de grandes cidades asiáticas nas quais parte considerável do custo operacional dos sistemas é coberta com receitas não tarifárias, geradas por meio de um arcabouço jurídico que facilita o negócio para os operadores.