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Novos projetos e investimentos para avanço do transporte ferroviário

Se os planos apresentados na 22ª Semana de Tecnologia Metroferroviária vingarem, a participação dos trens no transporte de cargas e de passageiros deve aumentar significativamente nos próximos anos.

A empresa de Desenvolvimento Rodoviário S/A – DERSA, de São Paulo, preocupada com as previsões de estrangulamento do tráfego nas 10 rodovias que demandam a capital a partir de 2030, planeja construir seis linhas férreas para interligar a chamada macrometrópole à capital, utilizando áreas anexas aos trilhos já existentes.

O governo do Estado do Paraná apresentou aos executivos e engenheiros presentes à 22ª Semana de Tecnologia Metroviária, realizada de 13 a 16 de setembro de 2016, em São Paulo, o projeto chamado Trem Pé Vermelho para transporte de cargas e passageiros interligando as três principais cidades do norte do Estado: Maringá, Londrina e Apucarana. A escolha do nome homenageia os imigrantes italianos, que descobriram a terra vermelha e fértil dessa região paranaense, onde plantaram as primeiras lavouras de café.

No Pará, o engenheiro Renato Casali Pavan, ex-presidente das Ferrovias Paulista S/A – FEPASA, e dono da empresa de engenharia que leva seu nome, está coordenando o projeto de uma ferrovia de 1.392 km, que vai cortar o Estado no sentido Sul-Nordeste, cruzando regiões de extração de minérios, produção agrícola e pecuária. Também será construído novo Porto de Vila do Conde no Nordeste do Estado, a saída mais próxima do Hemisfério Norte via novos Canais do Panamá e da Nicarágua para transportar produtos de exportação por navios de grande capacidade.

Além desses novos projetos, a Vale Logística Integrada – VLI, que tem participação acionária da Brookfield, do Canadá, Mitsui, do Japão, do Fundo de Investimento do FGTS, e da própria Vale, mostrou aos participantes da 22ª. Semana de Tecnologia Metroferroviária os investimentos aplicados e programados na expansão da empresa. Por sua vez, a MRS Logística, que opera por concessão as ferrovias dos Estados de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro, destacou as obras de ampliação de suas atividades para firmar sua vocação logística.

PROJETO PAULISTA

A DERSA, que desenvolve projetos na área de transportes para o governo do Estado, quer preparar a macrometrópole para agilizar a logística, o transporte e a distribuição de cargas em São Paulo e seu entorno. Segundo o diretor de Planejamento Milton Xavier, das 10 rodovias que demandam a capital sete são administradas pelo Estado, via concessão.

Estudos mostram que a partir de 2030 todas elas estarão saturadas e o tráfego de cargas ficaria inviável. Por isso, a Dersa desenvolveu o Projeto Intermodal de Cargas formado por ramais ferroviários a partir de terminais em Sorocaba, Campinas, São José dos Campos e Santos terminando em São Paulo em oito plataformas nos bairros de Pinheiros, Lapa, Mooca. Os trens serão dotados de contêineres de quatro toneladas para serem descarregados em veículos leves de carga – VUCs – para rápida distribuição na região metropolitana.

COLINPORT PARAENSE

Um dos maiores projetos na área de cargas começa ainda neste ano com licitação anunciada para 30 de novembro, o Complexo Logístico Industrial e Portuário Paraense – Colinport, que inclui a Ferrovia Paraense S/A – Fepasa, o Porto de Colares em Vila do Conde, no Nordeste do Estado, e um condomínio industrial anexo. É o maior empreendimento logístico anunciado recentemente, assegura Renato Pavan. A proposta é que todas as obras sejam feitas com recursos privados. A captação será feita junto ao BNDES e fundos de investimentos na forma de debêntures. Os custos estão avaliados em R$30 bilhões. As operações devem iniciar em 2024 e devem gerar cerca de 60 mil empregos.

O estudo de viabilidade econômica do empreendimento detectou 16 cadeias produtivas e 55 produtos para exportação da ordem de 101 milhões de toneladas.

A ferrovia segue paralela com a Norte-Sul no qual terá uma interligação, assim como outros ramais para captar minérios próximos das minas. Entre outros municípios, a Fepasa passará a partir do Norte por: Santana (Vila do Conde), Redenção, Xinguará, Marabá, Morada Nova, Salva Vida, Vila Nova e Paragominas. O Colinport pretende captar cargas de exportação do Mato Grosso e demais Estados do Centro-Oeste pelo novo porto de Abaetetuba devido as vantagens da menor distância na comparação com os portos da região Sudeste.

VLI e MRS SEGUEM EXPANDINDO

A Vale desmembrou sua atividade de transporte e logística, criando a Vale Logística Integrada – VLI, que nasceu grande para operar 8 mil quilômetros de ferrovias com 25 mil vagões, 652 locomotivas, oito terminais entre eles os dos portos de Santos e Itaqui, em São Luiz (MA), além dos privados. A Vale detém 37% do capital e o restante é distribuído entre a Brookfield, Mitsui e FI-FGTS.

O agronegócio é o carro-chefe de suas atividades, afirma José Oswaldo Cruz, gerente de Relações Institucionais. A empresa que opera cinco corredores logísticos em nove Estados mantém 6.500 empregados e seu programa de investimentos soma R$ 9 bilhões.

A MRS Logística opera uma malha de 1.700 quilômetros de ferrovias dos três Estados economicamente mais fortes, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, transportando minérios a partir de Minas para portos do Rio e para o Vale do Paraíba.

Na cidade de São Paulo a empresa compartilha os trilhos com os trens de subúrbio da CPTM e tem expandido suas operações logísticas com novos terminais como o de contêineres no bairro da Mooca, que tem ligação direta com o Porto de Santos e o trecho do ferroanel  de Manoel Feio a Suzano. Opera o maior terminal de açúcar e de soja em Santos. A movimentação de cargas pela MRS só tem aumentado: em 2014 foram 32 milhões de toneladas, no ano passado, 37 e neste ano, até julho, foram 23 milhões, destaca Luís Gustavo Bambin de Assis, gerente de Relações Institucionais.