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Sintonia em movimento

ARTIGO

por Renato de Souza Meirelles

O transporte de cargas e de passageiros pode evoluir muito no conceito de sustentabilidade, independentemente do modal. A simples diversificação dos sistemas, diminuindo a dependência do rodoviário em detrimento do ferroviário, com melhor eficiência e menor consumo de combustíveis fósseis, é um caminho, mais que sustentável, necessário.

China e EUA, grandes poluidores, já assinaram o Acordo de Paris se comprometendo a consumir menos derivados de petróleo. Com a matriz energética mais limpa do mundo (64% de fonte hídrica), o Brasil deve incentivar cada vez mais o uso de fontes renováveis, como biocombustíveis, motores elétricos e/ou híbridos, em suas frotas.

A adoção progressiva de modais mais eficientes para o transporte de passageiros, como as composições elétricas de metrôs, VLTs e trens suburbanos, que emitem 60% menos poluentes que os ônibus ou 40% que os automóveis, deve ser perseguida.

Além dos efeitos na redução da emissão de gases, os trens urbanos ocupam 20 vezes menos espaço e transportam muito mais pessoas. O sistema ferroviário, hoje, representa menos de 4% dos transportes públicos urbanos no Brasil, em poucas regiões metropolitanas.

Enquanto até a década de 70 cerca de 80% das viagens intermunicipais de passageiros eram sobre trilhos, hoje elas praticamente inexistem. Alternativas mais sustentáveis e econômicas no transporte de bens e passageiros revelam grandes oportunidades neste setor.

Inovações tecnológicas, uso de materiais mais leves e recicláveis, com otimização do consumo energético e custos operacionais, conferem maior equilíbrio financeiro aos novos empreendimentos.

Sustentável também pode ser o negócio em si, se o operador, por exemplo, investir em autoprodução energética, consumindo o quanto produz. A medida incentivaria mais esse tipo de investimento, resultando em reduções tributárias que melhoram a margem do negócio e permitem redução tarifária.

O custo multibilionário da imobilidade do tráfego urbano é outro desafio à sustentabilidade. Autofinanciar projetos por parcela da redução do custo deste desperdício, com modelos de project-finance, representa tremendas oportunidades de negócios.

Renato de Souza Meirelles é engenheiro com especializações em Administração e Economia na FGV e NYU, é presidente da CAF no Brasil. O artigo foi publicado originalmente na revista Frotas & Fretes Verdes

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