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Sinais positivos para a indústria ferroviária

Mesa de honra do seminário, tendo ao centro o presidente do SIMEFRE, José Antônio Fernandes Martins

Em 4 de dezembro, no 15º andar do edifício-sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), na Avenida Paulista, em São Paulo, aconteceu o Seminário Anual de 2023 do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE).

O presidente da AEAMESP, engenheiro Luís Guilherme Kolle, acompanhou o evento, ao lado dos ex-presidentes e hoje membros do Conselho Consultivo da Associação, engenheiros Pedro Machado e Silvia Cristina Silva.

Os trabalhos foram abertos com um pronunciamento de José Antônio Fernandes Martins, que, aos 90 anos, foi reeleito e empossado presidente da entidade.

Uma parte relevante do encontro consistiu em relatos a respeito dos resultados e das perspectivas dos diferentes setores que compõem a entidade – fabricantes de ônibus, as indústrias de implementos rodoviários, motocicletas, bicicletas, partes e peças de veículos de duas rodas, e a indústria ferroviária.

Integrante da diretoria recém-empossada, Renato Meirelles fez uma exposição sobre a importância do fortalecimento institucional do SIMEFRE, em razão de ser a entidade que oficialmente representa o setor e que oferece uma série de serviços e desenvolve ações apara as empresas

O programa incluiu uma explanação do economista Antônio Lanzana, a respeito do momento atual da economia brasileira e as expectativas e desafios para 2024. Também houve uma sessão de informações sobre relações trabalhistas.

O engenheiro e professor Jurandir Fernandes, dirigente de honra da União Internacional de Transportes Públicos (UITP), falou a respeito dos impactos das inovações tecnológicas e da transição energética no setor de mobilidade urbana.

O secretário-executivo da Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Manoel Marcos Botelho, fez uma apresentação sobre a expansão da rede de transportes públicos nas regiões metropolitanas de São Paulo.

O deputado federal Baleia Rossi e o ex-deputado Mauro Pereira foram reverenciados no encontro em razão do apoio que  têm oferecido em Brasília ao setor industrial de transportes.

TRENS DE PASSAGEIROS

O vice-presidente do SIMEFRE, Massimo Giavina, disse que, com entrega zero, o ano de 2022 foi um dos piores da história para a indústria ferroviária dedicada ao segmento de passageiros. De todo modo, ele avalia que 2023 começou a dar os primeiros sinais da retomada nessa área.

Massimo Giavina

Segundo afirmou, contratos fechados em anos anteriores iniciaram suas entregas em 2023, provocando o incremento da produção, porém, o adiamento para 2024 de editais previstos para 2023 derrubou as vendas no ano.

Para o dirigente, o desenvolvimento contínuo do setor metroferroviário requer  um planejamento de Estado, de longo prazo, com regras claras, arcabouços jurídico e econômico sólidos e consistentes, e segurança. A ideia é que exista um modelo que assegure previsibilidade ao setor, aos investidores públicos e privados e à sociedade.

Massimo Giavina asseverou que no segmento de passageiros persistem índices de ociosidade da capacidade instalada acima dos 80% e nenhuma constância no tempo, na demanda ao setor. Visando a esta previsibilidade, urge alçar o setor ao patamar de estratégico e requerer a imediata implantação de um planejamento de longo prazo.

No seu modo de ver, cabe ao governo estabelecer regras claras, homogeneizar a demanda de tempo, fiscalizar e controlar a execução dos planos setoriais. “A atratividade da iniciativa privada, do ponto de vista da operação, depende da mitigação de riscos (demanda, receitas, cambio) e do lado da indústria de maior previsibilidade e constância na demanda industrial e resultados seguros.”

A necessidade de melhores transportes públicos eficientes, seguros e confortáveis é grande e precisa ser atendida, no entanto, faltam políticas públicas neste sentido. “Acreditamos que estamos no início de um ciclo virtuoso de crescimento do setor com boas perspectivas de novos projetos na área de passageiros. Dentro do PAC, o acordo BNDES/Ministério das Cidades para serem feitos estudos para implementação em 21 regiões metropolitanas do sistema de transporte urbano.”

TRENS DE CARGA

“A indústria ferroviária espera um crescimento sustentável a partir de 2025 e considera 2024 um ano-ponte importante para isto”, afirmou o presidente da  Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER) e diretor do SIMEFRE, Vicente Abate.

Vicente Abate

Ele informou que o segmento de vagões de carga são previstas entregas de 1.271 unidades em 2023, cerca de 15% aquém da previsão feita há um ano, de 1.500 vagões. Foram exportados 62 vagões para a África. Para 2024 são previstas entregas de 1.600 unidades (26% maior que em 2023), incluídos 62 vagões adicionais para a África.

A cadeia de fornecedores reestruturou-se para atender a um volume de 1.300 vagões anuais, mas necessita estar atenta aos novos volumes projetados. Ressalte-se que a indústria de vagões, que trabalhava historicamente com antecedência de encomendas de seis meses, necessita agora de um prazo maior de antecedência por parte das Concessionárias, ou seja, de um ano.

Outra oportunidade para a indústria poderá ocorrer pelo fato de algumas concessionárias optarem pela substituição das caixas de vagões já em final de vida, o que movimentaria o setor de serviços. Some-se a esta oportunidade, a renovação da frota antiga que a indústria ferroviária está discutindo junto ao governo federal para a criação de um programa de substituição, tanto de vagões como de locomotivas. Estas encomendas ainda não se confirmaram, mas existem condições para serem realizadas a partir de 2024.

TEMAS ESSENCIAIS

A ABIFER e o SIMEFRE estão trabalhando em dois temas essenciais junto ao Ministério dos Transportes e à ANTT. A regulamentação da Portaria 1.324 (Programa Frota Ferroviária Verde) e a implementação dos Critérios Técnicos para a melhor e mais segura operação dos vagões de carga. “Ambas estão tendo uma boa aceitação por parte do governo.”

LOCOMOTIVAS

Na área de locomotivas, a previsão de entregas em 2023 é de 30 unidades, alinhada com a previsão de um ano atrás, de 31 locomotivas. Não houve exportações. Em 2024, são previstas entregas de 45 locomotivas.

“Importante ressaltar a digitalização embarcada nas locomotivas de última geração, já fabricadas no Brasil, além dos acordos entre as fabricantes brasileiras e empresas da Califórnia para testes em locomotivas de linha híbridas, com célula de hidrogênio verde.” avalia Vicente Abate.

RECUPERAÇÃO

Como previsto, o segmento de trens de passageiros iniciou sua recuperação em 2023, após anos sem encomendas, com entregas de 136 carros para os mercados interno e de exportação. A partir de agora, os volumes começarão a se acentuar, com entregas previstas de 274 carros em 2024, incluídos o projeto do Aeromóvel (6 carros), que iniciará sua operação assistida no início do segundo trimestre de 2024, a exportação de 6 carros para o Chile pela Marcopolo Rail, além da continuidade das exportações da Alstom para os metrôs de Taipei, Bucareste e Santiago e para a ViaMobilidade e Acciona no mercado interno.

“Aguarda-se, brevemente, a publicação do Edital para aquisição de 44 trens destinados ao Metrô SP, cujo financiamento já está contratado pelo Governo de São Paulo junto ao BNDES”, informa Massimo Giavina, vice-presidente do SIMEFRE e conselheiro da ABIFER.

Outro importante projeto, do Trem Inter Cidades (TIC), entre São Paulo e Campinas, já tem seu leilão anunciado para 29 de fevereiro de 2024 e será um marco que resgatará o Trem Regional no Estado de São Paulo.

SETOR ESTRATÉGICO

“O setor ferroviário brasileiro, incluindo as concessionárias de cargas e de passageiros e a indústria ferroviária brasileira, é estratégico para o País e como tal deve ser entendido e conduzido pelas autoridades governamentais de todas as esferas”, conclui Vicente Abate.

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